quarta-feira, 29 de agosto de 2018

Teoria da Máscara de Avião


Teoria da Máscara de Avião

Quando viajamos de avião, o comissário de bordo nos avisa que, em caso de despressurização da cabine, máscaras de oxigênio cairão de um compartimento.
Orienta-nos que deveremos pôr a máscara em nós mesmos para depois ajudar quem está a nosso lado, principalmente se crianças forem.
Analogamente, deparamo-nos com este paradigma diariamente.
Seja no plano material ou espiritual. 
Como poderemos ajudar outrem a sair de um problema financeiro, se estamos com nossas contas atrasadas? 
Como poderemos apoiar alguém triste se deprimidos estamos?
Esta teoria vai antagonicamente em direção à boa prática cristã!
E então, como agirmos? 
Influenciados pelo celebrante da missa dominical ou orientados pelo comissário de bordo?
Ambos estão pensando no céu!
O comissário na queda abrupta do céu e o padre na subida ao mesmo!
Mensuremos pois em que plano ou cinética estaremos!
Nada na vida é absoluto! Tudo tem uma brecha de relatividade! E é por essa minhoca relativista que conseguimos visualizar o céu por uma fresta de uma janela!
Cuidemo-nos! Primeiro cuidemos-nos!




“Iuuurrrrrullll”


“Iuuurrrrrullll”


Nestes dias transgênicos, onde se impera os displays luminosos das tevês, tablets e telefones de versões dinâmicas, estamos muito acostumados ao conforto e à dependência absoluta da energia elétrica em nossas residências.
Só nos deparamos ante a grande importância da energia, quando nos falta luz e força!
O condicionamento é tão forte que, mesmo sabendo que faltou energia, automaticamente vamos aos interruptores ligar a luz ou à tomada, ligar nossos celulares.
Nesta noite somente permaneceu a luz das estrelas no céu e, aqui embaixo, pontos iluminados por geradores!
Muitos, em função da violência, permaneceram trancados em suas casas esperando a luz elétrica voltar.
Milhares de moradores permaneceram sem energia elétrica por muitas horas e ainda há muita gente sem luz em suas casas.
Sem energia, para de funcionar tudo e parece que ficamos atônitos totalmente e sem saber o que fazer.
É uma dependência irrestrita da sociedade contemporânea para com a energia.
Na minha infância não era assim!
Até gostávamos quando faltava energia!
Isto acontecia no período chuvosos: disjuntores ou transformadores “gripavam” com as primeiras gotas ou com os fugazes relâmpagos e deixavam a pequena cidade à luz de velas e lamparinas.
Lá em casa tinha um lampião. Era nossa luz de emergência movida a querosene que incandescia uma camisa de película que se desmanchava a um leve toque.
Faltou energia, havia dois caminhos a seguir correndo: ou para a cama de nossos pais ou para a calçada iluminada pelas estrelas.
Não havia dia melhor para nós meninos daquela época que um dia de falta de energia!
Como era bom termos a família toda no ninho dos pais ouvindo estórias de trancoso!
Como era agradável reunirmo-nos na calçada e observarmos tantas famílias a fazer o mesmo!
Olhar o céu; aguardar uma estrela cadente e dar um nó na camisa para fazer um pedido; acender uma pequena fogueira e assar carne ou milho verde; ouvir histórias de assombração; ver nossa irmã mais nova adormecer no colo da mamãe; receber uma assada espiga de milho do papai!
E, por que não:
Ouvir a cidade inteira gritando comemorando o retorno da energia num uníssono e forte grito: iuurruuuullll
Pensei que nunca mais fosse ouvir isso!
Muito menos aqui numa capital!
Mas hoje ouvi o saudoso grito típico de cearense: “iurrrrrruuuuuullllll”

Luiz Lopes, 21 de março de 2018