Meu primo, meu amigo, meu compadre
Quando criança, afugentava-nos
com seu jeito possessivo, tinha ciúmes de sua mobilete Garelli, tinha ciúmes
das siriguelas do quintal de sua casa, mas logo na juventude deixou mostrar seu
lado brincalhão, contagiando a todos nós com alegria e mostrando-se sempre
prestável.
Evandro Filho,
você se lembra quando assistíamos a “Tempos Modernos”, um velho filme do
Charles Chaplin lá em casa juntamente com o papai? Você estava deitado no chão
com o rosto na almofada. Todos nós já cochilando e você, de repente, deu um
salto, rodopiou, fez um mugango para
meu pai e para mim e saíu imitando o Chaplin? Quase choramos de tanto rir!
Os tempos
passaram e você sempre correndo. Correndo para o trabalho, correndo para
encontrar sua família, correndo para conversar como os amigos, correndo para
voltar para sua casa. Parecia até que
você tinha um cronometrado tempo neste plano e não queria desperdiçar nenhum
segundo.
Sua partida, Evandro
Filho foi muito dolorosa para todos nós. Muito e muito dilacerante para mim. Você que sempre
demonstrou atenção e admiração por mim. E, correndo sempre, pouco programamos
finais de semanas juntos, seja na praia, seja no interior.
Todas as vezes
que passava em Santa Quitéria, você era minha primeira parada. Depois é que eu
passava na casa da vovó.
Você deixava seus
clientes e vinha a meu encontro:
- Tudo bem, cumpade?! A cumade tá bem? Tá indo prá onde?
- Se você for
ficar o final de semana por Reriutaba, me avise que vou para o sítio com a
Sheyla e os meninos!
Você falava de
seus projetos de nova casa, falava que a Vitória só tirava nota boa e já estava
estudando em Sobral. Elogiava o Rodrigo; pedia opinião sobre seus negócios,
perguntava pelas minhas obras e, num constante sorriso me repassava como amava
a Sheyla e seus filhos.
Nesta pressa
constante, você nos deixou, foi correndo ao encontro do Pai eterno.
Não vou esquecer
nunca seu jeito humilde de me receber, de me tratar bem e que nunca lhe
retribui à altura.
Mas, tenho fé n’Ele que lhe acolherá em Seus braços e lhe permitirá proteger sua família sem
precisar correr, apenas abrindo uma janela lá em cima e deixando fluir seu
constante e agradável sorriso!
Um grande abraço,
meu cumpade Evandro Filho! Você
continuará sempre conosco em nossos corações!
Luiz Lopes Filho, 20 de março de 2014