DOAR E VOLUNTARIAR
Caros amigos,
Estive ontem visitando o Rodrigo Leitão, criança de 11 anos que
se encontra em tratamento de leucemia no Centro Pediátrico do Câncer, anexo ao
Hospital Albert Sabin. E, ao contrário de tantas notícias e impressões negativas
acerca do atendimento público nesses centros hospitalares, tudo impressionou-me
na primeira visita.
Logo que cheguei, parecia que adentrava a um hospital privado:
assoalho e paredes limpas, recepcionistas simpáticas e atenciosas e
equipamentos modernos e funcionais.
Quando cheguei ao 3º andar, onde se encontrava meu primo, vi uma
enfermaria de cores vivas e alegres. Armário revestido e sobre ele uma TV de
LCD de 32 polegadas sintonizada em desenhos animados, arrancava sorrisos
daquelas crianças com tão graves enfermidades.
Ao lado de cada leito, uma mãe com uniformes azuis de
acompanhantes, determinadas, cheias de cuidado e amor para com seus filhos.
As preocupações maternas não eram mais tão pesadas, pois foram
divididas com assistentes sociais, médicos e voluntários.
Fiquei feliz por me deparar que ainda existem excelentes médicos,
enfermeiros e auxiliares que, alheios à cor dos salários, mostravam sua total
dedicação e carinho para com aqueles pequenos pacientes.
O hall ventilado purificava o odor hospitalar e ventilava melhor
nossos corações, mostrando-nos que ainda vale a pena ser doador ou voluntário e
acreditar que há instituições sérias e comprometidas.
Havia ao lado de meu primo uma outra criança. Deve ter seus 8
aninhos. Carequinha, sorridente e portador de uma válvula no cérebro recém
implantada para amenizar fortíssimas dores decorrentes de hidrocefalia,
provavelmente pelo avançado estágio do câncer. E, desprezando toda esta
gravidade lá estava ele:
-“Tio, não se preocupe, não fiquei com raiva de você por ter
trazido presente só para o Rodrigo! – Também, o senhor não sabia que eu estava
aqui, né!”
Disse então ao Renan: - Verdade, Renan, vamos tirar uma
foto para sempre me lembrar de você! Agora trarei um brinquedo para você
também”
-“Obrigado, tio”!.... Sabia que hoje rezei para todos os médicos
e tias para que eles não fiquem doentes e que continuem cuidando de todas as
crianças deste hospital! E que logo logo vou para casa?!
Depois fiquei sabendo com muita comoção que o Renan já tem a
doença avançada e com metástase. Por isso, vez por outra a mãe dele saía
rapidamente do leito para que o filho não notasse seus olhos molhados.
Dali saí emocionado pela fé e beleza do espírito daquela linda
criança: Renan!
Dali saí menos preocupado com o tratamento de meu primo, pela fé,
calma e confiança presentes tanto nele quanto em sua mãe.
Dali saí orgulhoso dos profissionais que fazem daquele centro
pediátrico um exemplo de dedicação, profissionalismo e amor ao próximo. Sejam
advindos de empresas contribuintes, médicos, enfermeiros, terapeutas,
psicólogos, auxiliares, recepcionistas e zeladores.
Dali saí consciente de que quando contribuirmos para essas
instituições, deveremos visitá-las, pois daí teremos mais prazer em dar
continuidade com nossa ajuda quando vemos nossa pequena atenção ser
transformada em amor e cura daquelas crianças.
Forte abraço a todos.
Luiz Lopes Filho
10/02/2014