Trem da Vida
Há meninos do interior chamados de beradeiros que significa
bem mais que morar na beira de estrada, acrescenta também sua situação de matutos.
Sempre morei na beira de estrada....de ferro: fui também um menino beradeiro. Em
certas madrugadas acordava-me com o barulho do trem cargueiro que fazia o
percurso Teresina-Fortaleza, levando combustíveis e trazendo semente de
oiticica, de algodão e diversas mercadorias. O ranger das rodas nas bordas dos
trilhos acordava-me às duas da manhã, mas também me fazia adormecer como se o
trem fosse o arco a escorregar pelas cordas de um violino de ferro, soando uma canção
mal composta.
Vejo-me sempre a incluir uma estação, um vagão ou uma
locomotiva em meus textos, talvez por este comboio sempre ter vivido a meu lado,
ora indo, ora voltando. Seja quando meu pai viajava para Fortaleza e eu ficava
esperando o trem trazê-lo de volta com muitas novidades e presentes; seja
quando minha mãe voltava de uma viagem a Sobral; seja quando tive que deixar
minha terra para estudar na capital.
O trem sempre foi um condutor de minhas alegrias e de minhas
saudades. E também de minhas dores de barriga. Ainda criança, sob a tutela de
seu Firmino, ao término das férias, tinha que retornar à Fortaleza e, no
pequeno percurso de minha casa à estação, carregava sempre uma mala e uma dor
de barriga, fruto do somatismo da saudade e da ansiedade. Este mal estar só
diminuía quando já embarcado, acenava para meus pais e encarava a volta como
uma tarefa, uma obrigação natural.
Li um dia desses um texto sobre um trem que ligava nossa vida
a uma viagem, numa analogia quase perfeita, porém um pouco laica ou pelo menos
desprovida de uma fé mais intensa no Criador.
E a viagem é mais ou menos assim descrita pelo Trem da Vida:
Quando nascemos, entramos nesse trem
e nos deparamos com algumas pessoas que julgamos,
estarão sempre nessa viagem conosco; nossos pais.
Infelizmente, isso não é verdade.
Em alguma estação eles descerão e nos deixarão
órfãos de seu carinho, amizade e companhia insubstituível..ou também tenhamos que descer
antes deles e deixá-los com uma imensa ferida de saudades.
Mas isso não impede que, durante a viagem, pessoas interessantes
e que virão a ser super especiais para nós, embarquem.
Chegam nossos irmãos, amigos e amores maravilhosos!
Muitas pessoas tomam esse trem, apenas a passeio.
Outros encontram nessa viagem, somente tristezas.
Ainda outros circularão pelo trem,
prontos para ajudar a quem precisa.
Muitos
descem e deixam saudades eternas,
outros tantos passam por ele de uma forma que,
quando desocupam seu acento, ninguém nem sequer percebe.
Curioso é constatar que alguns passageiros, que nos são tão caros,
acomodam-se em vagões diferentes dos nossos.
Portanto, somos obrigados a fazer esse trajeto separados deles,
o que não impede, é claro, que durante o trajeto, atravessemos
com grande dificuldade nosso vagão e cheguemos até eles...
Só que, infelizmente, jamais poderemos sentar a seu lado,
pois já terá alguém ocupando esse lugar.
Não importa, é assim a viagem: cheia de atropelos,
sonhos, fantasias, esperas, despedidas...
Porém, jamais retornos.
outros tantos passam por ele de uma forma que,
quando desocupam seu acento, ninguém nem sequer percebe.
Curioso é constatar que alguns passageiros, que nos são tão caros,
acomodam-se em vagões diferentes dos nossos.
Portanto, somos obrigados a fazer esse trajeto separados deles,
o que não impede, é claro, que durante o trajeto, atravessemos
com grande dificuldade nosso vagão e cheguemos até eles...
Só que, infelizmente, jamais poderemos sentar a seu lado,
pois já terá alguém ocupando esse lugar.
Não importa, é assim a viagem: cheia de atropelos,
sonhos, fantasias, esperas, despedidas...
Porém, jamais retornos.
Façamos
essa viagem então, da melhor maneira possível,
tentando nos relacionar bem com todos os passageiros,
procurando em cada um deles o que tiverem de melhor.
Lembrando sempre que, em algum momento do trajeto,
eles poderão fraquejar e provavelmente
precisaremos entender isso, porque nós também
fraquejaremos muitas vezes e, com certeza,
haverá alguém que nos entenderá.
O grande mistério afinal é que jamais
saberemos em qual parada desceremos, muito menos nossos companheiros,
nem aquele que está sentado ao nosso lado.
tentando nos relacionar bem com todos os passageiros,
procurando em cada um deles o que tiverem de melhor.
Lembrando sempre que, em algum momento do trajeto,
eles poderão fraquejar e provavelmente
precisaremos entender isso, porque nós também
fraquejaremos muitas vezes e, com certeza,
haverá alguém que nos entenderá.
O grande mistério afinal é que jamais
saberemos em qual parada desceremos, muito menos nossos companheiros,
nem aquele que está sentado ao nosso lado.
Eu
fico pensando, se quando descer desse trem,
sentirei saudades... Tenho certeza que sim:
Separar-me de alguns amigos que fiz nessa viagem;
Deixar meus filhos continuarem a viagem sozinhos.
Mas me agarro na esperança de que, em algum momento,
estarei na estação principal e terei a grande emoção de vê-los chegar
com uma bagagem que não tinham quando embarcaram...
E o que vai deixar-me feliz será pensar
que eu colaborei para isso.
sentirei saudades... Tenho certeza que sim:
Separar-me de alguns amigos que fiz nessa viagem;
Deixar meus filhos continuarem a viagem sozinhos.
Mas me agarro na esperança de que, em algum momento,
estarei na estação principal e terei a grande emoção de vê-los chegar
com uma bagagem que não tinham quando embarcaram...
E o que vai deixar-me feliz será pensar
que eu colaborei para isso.
Luiz Lopes Filho,
Fortaleza-CE,
09/07/2012
http://planetaazul.ning.com/profiles/blogs/abra-o-de-filho?xg_source=activity
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