Resiliência
Nestes dias abstraí-me ao ouvir uma
conversa de um amigo meu chamado Marcos Thé. Arquiteto resiliente e criativo; antes explosivo,
hoje sereno.
Em seu celular, desperta a cada hora a seguinte mensagem: “Você
merece, poupe-se!
Perguntei: Por que este alerta de hora
em hora, Marcos?
– Dr Luiz Lopes, é para eu me poupar das
pressões diárias, pois já me fadiguei muito e para ter melhor qualidade de
vida, preciso ser mais resiliente.
Muito bem, esta foi a mensagem que se
espigou de minha mente em forma de balãozinho de revista em quadrinhos: “Eu
também preciso ser resiliente!” Fico na busca contínua do cumprimento de tantas
tarefas, de preocupações que não me tanto tangem; de ver um horizonte que está
além daquele que me é visível. E assim comecei a me deleitar nos conceitos de
resiliência, os quais infra avulto:
Pela Física, a resiliência é a
propriedade dos materiais que acumulam energias, quando são submetidos a
situações de estresse, como rupturas. Esses materiais, logo após um momento de
tensão, podem ou não serem danificados, e não os sendo, terão a capacidade de
voltar ao normal.
Pelo Material e Espiritual, é a capacidade
que um corpo ou espírito possui de retornar ao seu estado original, que sofreu
deformidades devido a um grande choque físico ou emocional;
Na área da Psicologia, é a capacidade de
uma pessoa lidar com seus próprios problemas, vencer obstáculos e não ceder à
pressão, independente da situação. A teoria diz que resiliência é a
possibilidade do indivíduo de tomar uma decisão quando tem a chance de tomar
uma atitude que é correta, e ao mesmo tempo, tem medo do que isso possa
ocasionar;
Na Administração é a competência do
momento. Um profissional resiliente consegue entregar o que promete e é capaz
de promover mudanças estratégicas e entender seu valor.
Mesclando estes vários conceitos, podemos descrever algumas
atitudes e comportamentos que nos possam fazer da vida mais flexível e minimizar
nossas fadigas, como:
• Projete sua vida, seu dia-a-dia, mesmo que não se possa ser
colocado em prática imediatamente. Sonhar é o primeiro passo para se
concretizar algo e isto minimiza a ansiedade;
• Pratique esportes, mesmo que seja uma simples caminhada diária
para aumentar o ânimo e a disposição. Isto nos injeta mais endorfinas e
hormônios que promovem a sensação de bem-estar;
• Procure manter o lar em harmonia, relevando certos aborrecimentos
como um simples sapato fora do sapateiro ou uma luz acesa para ninguém;
• Aproveite parte do tempo
para ampliar os conhecimentos, pois isso aumenta a autoconfiança;
• Assuma riscos, sem ir tanto à borda de abismos;
• Apure o senso de humor. Sorria com besteiras;
• Quebre a rotina. Não deixe o cinema somente para o domingo;
• Se algo está em caminho torto, volte ao início, flexibilize seus
conceitos e volte a percorrê-lo. Assim você estará mais preparado para o
imprevisto;
Estes tópicos que tanto circulam pelas redes sociais e pelas “webs”
de nossas vidas, já fizeram e fazem-se presentes na vida de muitos conhecidos,
onde vou-lhes alguns citar.
Lembro-me bem de Dona Chiquita. Uma senhora já idosa que morava na
Rua Siqueira Campos. Cuidava carinhosamente e com orgulho de seus cinco filhos todos
com deficiência mental e física. Ela os banhava, perfumava-os, vestia-lhes suas
melhores e limpas roupas e os colocava na calçada para assistirem à passagem da
procissão de Nossa Senhora de Perpétuo
do Socorro . O peso de sua rotina nunca lhe abateu o sorriso em sua face. Era
resiliente!
Lembro-me bem da Ana Simão. Ainda hoje é viva. Criou seus
incontáveis filhos com suor diário e contínua dificuldade. Possuía uma venda de refeições num ponto do
Mercado Público. Com sol a pino, após encerrar suas vendas, carregava um monte
de panelas na cabeça e puxava um cordão de filhos a caminho de casa. Após certo
pleito político, ao se posicionar contra um prefeito, foi desalojada de sua
banca. Mas foi resiliente. Continuou sua venda pelo lado externo daquele
mercado. E não escondeu a coragem e a alegria pela lida diária. Foi resiliente.
Lembro também pelas inúmeras dificuldades em minha casa, seja pelos
problemas de saúde de meu pai, pela necessidade de nos ausentarmos para estudar
em Fortaleza ou por qualquer obstáculo do dia-a-dia. Certa vez, um juiz
despreparado, cético e autoritário tirou injustamente de minha mãe o primeiro
lugar no concurso de Cartório de minha cidade. Meses depois, ela mostrou sua
capacidade e, novamente passou noutro concurso doutra comarca. Preferiu continuar
em nossa cidade, ministrando suas aulas na Casa da Providência e no Alfredo
Silvano. Assim ficou próxima a todos nós, investindo na educação de todos os filhos e na harmonia
de nossa família. Assim foi bem melhor. Sua resiliência permitiu-nos melhor formação ética
e profissional e a condicionar meu pai a suplantar alguns problemas de saúde. Continua
sendo um grande exemplo de mãe e também de resiliência!
Resiliência é dação, é compreensão, é amor próprio e ao próximo. É conscientizar-se de que a vida é adaptável tanto no verão quanto no inverno, tanto no dia quanto na
noite.
Busquemos pois ser mais resilientes e programar-se para um 2013
cheio de alegrias, de forças para vencer os obstáculos e, principalmente, para se munir de mais disposição para resolver não somente nossos problemas, mas também de ajudar ao
próximo.
Luiz Lopes Filho
09 de novembro de 2012
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