domingo, 2 de junho de 2019

A lambreta

“A verdadeira história desse dinheiro”
Aos 25 anos, meu pai decidiu comprar uma lambreta italiana. 
Às oito horas da manhã, guardou o cartão do banco num dos bolsos laterais da calça de tergal, àquela época uma carta manuscrita contendo os dados do correntista filigranada em autorrelevo com dois selos da República.
Pegou o trem das 8 da manhã e seguiu viagem.
O tempo passou e ainda criança ele me contou o resto da história.
-Meu filho, fui a Sobral, mas quando recebi uma caixinha de madeira toda selada com 500 notas novas em série, fiquei com pena.
Voltei, guardei as cédulas no cofre e aí estão elas sem nenhum mais valor!
Nem dinheiro, nem lambreta!
-Puxa, pai! Como o senhor foi tolo!
-Talvez, mas ninguém sabe dizer a que destino me levaria esta lambreta. Hoje sei o destino que estas cédulas me levaram: o de estar com você hoje aqui!
Luiz Lopes e Silva 
1932-2019

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