domingo, 2 de junho de 2019

Luto infantil

Em 1974, por volta de abril fui pescar no riacho da Ponte com meu primo Marcelo. 
Quando papai me viu saindo de casa com uma varinha e linha de nylon envolta num anzol de piaba, brigou comigo!
-Sua avó morreu! Estamos de luto! Naquele dia, minha vó Deolinda havia falecido e, papai perdido sua mãe! 
Para mim, com apenas 7 anos de idade, este sentimento não permeava minha mente infantil!
Hoje, ainda muito abalado com a partida do papai, fui obrigado pela minha filha e minha mulher a ir pra a aula de natação! 
Comecei e tentei me abstrair a cada braçada. Aos poucos, uma saudosa melodia ecoava de um saxofone no salão de danças da academia e me conduziu ao passado e às preferências musicais do papai.
Não suportei; minhas lágrimas pareciam me molhar mais que a própria piscina! Parecia que o papai voltava a brigar comigo naquele abril pelo luto de sua mãe, minha vó Diola!
Antes por ir pescar, hoje por ir nadar!
Coisas de saudade! Sei que meu pai não mais brigaria por isso!
Quanta saudade!
Quanta vontade de voltar àquele momento infantil!

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