quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Hoje Salvei um Camaleão


O Camaleão (família Chamaeleonidae) ou teju é um animal de uma família de répteis escamados, e uma das mais conhecidas famílias de lagartos. Há cerca de 80 espécies de camaleões, a maior parte delas na África, ao sul do Saara. Os camaleões são conhecidos por sua habilidade em trocar de cor conforme o ambiente, por sua língua rápida e alongada, e por seus olhos, que podem ser movidos independentemente um do outro. O nome "Camaleão" significa "leão da terra", e é derivado das palavras gregas Chamai (na terra, no chão) e leon (leão). É um lagarto bastante antigo, já que há registros fósseis de camaleões desde períodos tão longínquos quanto o Terciário.

Hoje pela manhã, estava correndo pelo parque do Cocó, mas precisamente pelo calçadão do shopping Iguatemi, quando fui chamado pelo Dr. Ary Campos, pai de um amigo meu. Daí, diminuí os passos e conversei um pouco com ele por uns cem metros de caminhada.

De repente, vi à nossa frente aquela criatura esquisita e mal encarada, de pele escamada, papada saliente assemelhando-se àquelas pessoas que querem impor respeito pelo pescoço. Tinha uma cor acinzentada e, assustada com nossa aproximação, apertou os passos e correu. Tentou passar pelos espaços abertos da tela que delimita o Parque do Cocó com o shopping.  Deu-se mal, então: ficou preso! Sua cabeça passou, seu papo não e, num desesperado mimetismo, mudou de cor. Ficara verde igual à tela da cerca metálica que o prendia. Parei e pensei falando: – Vou tentar ajudá-lo! puxei-o pela cauda, mas nada, o bicho retraía ainda mais seu corpo pensando que iria maltratá-lo ou mesmo devorá-lo. As pessoas começaram a assistir àquele resgate do teju. Puxei um pouco mais sua cauda, segurei sua pata traseira e, rotacionando seu corpo como um parafuso estrompado, tentava soltar sua crista encrespada de medo.

Coitado, o teju ficou preso à cerca pela sua própria crista, como um peixe a um anzol por suas guelras. Pressionei seu corpo, puxei novamente sua pata traseira e saquei o pobre animal da cerca.

Icei o teju pelo rabo, dependurando-o verticalmente. Media uns setenta centímetros. Sua cor agora era novamente acinzentada. Olhei para ele e para as pessoas que ali nos assistiam. Ele revirou um olho para mim e outro para as pessoas, como quem pensava: -Este cara não vai me soltar não?.

Seu Ary ajudou-me a encontrar uma fresta entre a tela e o chão, buscando um escape para o bicho. Mostrei-lhe o caminho do mangue e o animal saíu correndo em desespero mata a dentro. As pessoas que nos assistiam começaram a bater palmas. Senti-me um momentâneo herói ecológico! Fiquei pensando depois: será que estas pessoas me aplaudiriam se me vissem ajudando com um cobertor ou com um copo de leite um desprezado mendigo de rua? Provavelmente, não! É o poder midiático da proteção aos animais muito superior à caridade para com o próximo. Não quero aqui mitigar nossa consciência ecológica de proteção aos animais e ao meio-ambiente. Porém, temos que dar mais atenção a nossos semelhantes que não têm teto e vivem desamparados pelas ruas, sem família e sem conforto. E que esta solidariedade não se restrinja somente nesse mês de dezembro que se aproxima!.

Mas, voltando ao ator principal, o famoso teju, lembrei-me de uma expressão que ouvi no sertão alagoano: Sela o teju! que significa ir embora bem rápido. Hoje realmente vi o que é selar o teju, pois o bicho fugiu numa velocidade incrível se embrenhando pelas folhas do Parque do Cocó!

Luiz Lopes Filho,
Fortaleza-CE, 24/11/2011




















2 comentários:

  1. Luiz,

    Sua visão acerca do ocorrido demonstra o quanto ainda é necessário sermos mais fraternos com o próximo.

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  2. Luiz Filho, gostei da maneira como você documentou um fato simples mas com conotações que nos leva a outra realidade; precisamos ser mais solidários e mais humanos.
    Odali Lopes
    26/11/2011

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